De Merval Pereira:
O sociólogo francês Alain Touraine, diretor de estudos da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, foi professor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e conhece Lula há bastante tempo, a ponto de ter atuado para que a transição de poder entre os dois se desse da maneira como ocorreu, que ele classifica de “generosa” por parte de Fernando Henrique.
O sucesso do país, inclusive no campo internacional, Touraine atribui justamente a uma continuidade de projeto político, já que, numa análise mais aprofundada, ele está convencido, não é de hoje, de que os períodos de Fernando Henrique Cardoso e de Lula são parte de um mesmo projeto.
Leia também em nosso blog: The Wall Street Journal: O melhor de Lula é o FHCAqui em Córdoba, onde participou da Conferência da Academia da Latinidade, Touraine me disse que o Brasil está encontrando uma maturidade como nação, com um mercado interno forte e elementos de economia avançada.
O consenso entre as forças políticas sobre a necessidade de combinar políticas realistas na economia e preocupação com a melhoria social tem prevalecido nesses últimos 15 anos, e a isso o professor francês atribui a continuidade dos avanços.
Mas Touraine acha que depois de um presidente com tanta força pessoal como Lula, “há uma certa necessidade de se retomar um processo político mais substancial”.
Ele comenta que não conhece “essa senhora” (se referindo à candidata Dilma Rousseff), “mas dizer apenas que é a candidata do Lula é uma definição vazia, é preciso preencher com uma ação política”.
Pelo que tem acompanhado, Touraine acha que a figura pública de Dilma está sendo apagada pela de Lula, e não acha que essa seja uma crítica a Lula: “Ele é muito bom para ter um sucessor”.
Ele ressalta que no Chile aconteceu a mesma coisa, Bachelet saiu com 80% de popularidade e “o outro lado ganhou por que teve uma ação política mais substancial”.
Na análise de Alain Touraine, o Brasil vem desenvolvendo um processo muito bem sucedido de ampliar seu espaço, de construir não mais um Estado-Nação, “mas um Estado no mundo”.
Depois de Lula ter dado ao povo a sensação de que estava realmente no poder, depois de um governo tão popular, há que se tratar de outros problemas, adverte Touraine, que defende que é preciso retomar o projeto exitoso de reorganização do país.
Ele admite que substituir um líder carismático como Lula “por um político do tipo sério como o Serra” pode ser um problema, se bem que ressalva que seu amigo Serra está menos sério do que nos primeiros anos de carreira política como economista.
Sobretudo Touraine acha que é importante retomar um projeto de institucionalização da democracia no país, e isso compreende reforçar a organização do estado, que ele considera que foi relegada a segundo plano por Lula.
“Agora no segundo governo houve menos PT e mais Lula, e deu mais certo do que antes. Com Lula fora do governo, é um perigo o PT voltar a ter poder. Seria melhor que ganhasse o Serra, que tem mais experiência, mais pulso forte”, comenta Touraine.
O sociólogo francês continua preocupado com a reforma do Estado, que considera que avançou com Fernando Henrique e sofreu um retrocesso com o clientelismo e o empreguismo para “os companheiros” do PT.
Touraine acha que é hora de retomar as reformas estruturais de modernização do estado brasileiro para atingir uma capacidade administrativa que ele vê no estado chileno, para dar o exemplo regional.
Na visão de Touraine, o sentido de continuidade das políticas públicas tem marcado os ultimos anos, mas os governantes não podem se satisfazer em apenas acelerar as reformas sociais que foram feitas.
O próximo governo teria que fazer reformas de estruturas nas grandes cidades, sobre o transporte, habitação, medidas que Touraine já cobrava do atual governo Lula, e Serra está mais capacitado para essa tarefa depois de ter sido governador de São Paulo.
O Brasil, após a fase que ele já chamou de "social-democrata moderada" e o êxito de Lula na sucessão de Fernando Henrique, está entrando na modernidade, o que permitirá uma continuidade de políticas em um ambiente institucional organizado.
Alain Touraine está convencido de que tanto Fernando Henrique quanto Lula usaram o conjunto de forças de centro-direita para organizar um sistema político que está funcionando muito bem.
A continuidade dessa política, mesmo que com diferenças de estilo de agir, é o que garante o sucesso do país, e ele considera que o candidato tucano José Serra pode perfeitamente representar essa continuidade mesmo sendo de oposição.
Ele acha que já desde o governo de Fernando Henrique o Brasil viu ampliar-se sua ação no mundo, colocando-se como um dos protagonistas da nova estrutura de poder internacional. Ele vê o Brasil como uma exceção na América Latina, mas cita o Chile e a Colômbia como países da região que estão bem colocados no novo mundo globalizado, embora não tenham a dimensão política nem econômica do Brasil que, por isso, surge como a grande potência regional. ( Amanhã, o Brasil e o mundo)
Ele comenta que não conhece “essa senhora” (se referindo à candidata Dilma Rousseff), “mas dizer apenas que é a candidata do Lula é uma definição vazia, é preciso preencher com uma ação política”.
Pelo que tem acompanhado, Touraine acha que a figura pública de Dilma está sendo apagada pela de Lula, e não acha que essa seja uma crítica a Lula: “Ele é muito bom para ter um sucessor”.
Ele ressalta que no Chile aconteceu a mesma coisa, Bachelet saiu com 80% de popularidade e “o outro lado ganhou por que teve uma ação política mais substancial”.
Na análise de Alain Touraine, o Brasil vem desenvolvendo um processo muito bem sucedido de ampliar seu espaço, de construir não mais um Estado-Nação, “mas um Estado no mundo”.
Depois de Lula ter dado ao povo a sensação de que estava realmente no poder, depois de um governo tão popular, há que se tratar de outros problemas, adverte Touraine, que defende que é preciso retomar o projeto exitoso de reorganização do país.
Ele admite que substituir um líder carismático como Lula “por um político do tipo sério como o Serra” pode ser um problema, se bem que ressalva que seu amigo Serra está menos sério do que nos primeiros anos de carreira política como economista.
Sobretudo Touraine acha que é importante retomar um projeto de institucionalização da democracia no país, e isso compreende reforçar a organização do estado, que ele considera que foi relegada a segundo plano por Lula.
“Agora no segundo governo houve menos PT e mais Lula, e deu mais certo do que antes. Com Lula fora do governo, é um perigo o PT voltar a ter poder. Seria melhor que ganhasse o Serra, que tem mais experiência, mais pulso forte”, comenta Touraine.
O sociólogo francês continua preocupado com a reforma do Estado, que considera que avançou com Fernando Henrique e sofreu um retrocesso com o clientelismo e o empreguismo para “os companheiros” do PT.
Touraine acha que é hora de retomar as reformas estruturais de modernização do estado brasileiro para atingir uma capacidade administrativa que ele vê no estado chileno, para dar o exemplo regional.
Na visão de Touraine, o sentido de continuidade das políticas públicas tem marcado os ultimos anos, mas os governantes não podem se satisfazer em apenas acelerar as reformas sociais que foram feitas.
O próximo governo teria que fazer reformas de estruturas nas grandes cidades, sobre o transporte, habitação, medidas que Touraine já cobrava do atual governo Lula, e Serra está mais capacitado para essa tarefa depois de ter sido governador de São Paulo.
O Brasil, após a fase que ele já chamou de "social-democrata moderada" e o êxito de Lula na sucessão de Fernando Henrique, está entrando na modernidade, o que permitirá uma continuidade de políticas em um ambiente institucional organizado.
Alain Touraine está convencido de que tanto Fernando Henrique quanto Lula usaram o conjunto de forças de centro-direita para organizar um sistema político que está funcionando muito bem.
A continuidade dessa política, mesmo que com diferenças de estilo de agir, é o que garante o sucesso do país, e ele considera que o candidato tucano José Serra pode perfeitamente representar essa continuidade mesmo sendo de oposição.
Ele acha que já desde o governo de Fernando Henrique o Brasil viu ampliar-se sua ação no mundo, colocando-se como um dos protagonistas da nova estrutura de poder internacional. Ele vê o Brasil como uma exceção na América Latina, mas cita o Chile e a Colômbia como países da região que estão bem colocados no novo mundo globalizado, embora não tenham a dimensão política nem econômica do Brasil que, por isso, surge como a grande potência regional. ( Amanhã, o Brasil e o mundo)
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