segunda-feira, 31 de maio de 2010

A temível “esquerdização” da política externa

A política externa talvez ganhe destaque nessas eleições. Como o governo Lula nessa área tem posições esquerdistas muito mais marcadas do que na política interna (por exemplo, quanto a Chávez), a oposição tenta fazer disso um trunfo, apostando nos “eu-tenho-medo” da vida. É o que Serra aparentemente faz com o discurso sobre o corpo mole da Bolívia no combate à cocaína, de quebra transformando a discordância política em cruzada anti-drogas.

Isso poderia até funcionar há algum tempo, mas hoje a história parece ser outra. É o que aponta um bom artigo de Marcos Coimbra na Carta Capital desta semana. Eis um trecho:

“Em vez de perceber qualquer problema na ‘esquerdização’ da política externa, a opinião pública vê a atuação do governo e, especialmente, de Lula nas relações internacionais como um de seus maiores trunfos. Nenhum presidente recebeu, antes dele, tanto destaque nesse campo.

Nas pesquisas qualitativas feitas atualmente, o que se encontra é uma sensação de orgulho do cidadão comum pelo que avalia ser um crescente reconhecimento internacional do Brasil, seu governo e sua economia. Predomina a visão de Lula como um presidente que busca e consegue acordos com outros países, favoráveis aos interesses nacionais. Simplesmente não se ouvem ecos do que a grande imprensa publica. Conciliação, bom senso, entendimento, afirmação nacional, é com palavras como essas que as pessoas caracterizam a política externa”.

Primeiro, foi Serrinha paz-e-amor, e Dilma continuou subindo nas pesquisas. Agora finalmente aparece um  tom mais oposicionista. Aparentemente com poucas chances de sucesso. Não é à toa que surge a ideia de decidir as eleições nos tribunais.


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domingo, 30 de maio de 2010

Nordestinos: “aquela coisa de preconceito”

Não conheço direito o programa Legendários, com Marcos Mion, mas achei boa essa reportagem sobre a discriminação contra nordestinos no Rio e em São Paulo.

O cara que reage “Mas é aquela coisa de preconceito, né?” é o que adiante cede frente ao argumento “Pra mim é uma questão de higiene”. Precisa-se mais ou menos desse tanto pra que a maquiagem do politicamente correto desvaneça.

O discurso preconceituoso parece envolver raciocínios assim: foi por mérito próprio que o sudeste se desenvolveu mais do que o nordeste, logo temos mais direito a colher os frutos do desenvolvimento, e os imigrantes não deixam de ser algo como ladrões, ou ao menos invejosos.

Suponhamos que fosse possível nesse caso considerar o crescimento econômico sem a mão de obra barata  do imigrante. Que dizer do restante? Obviamente, tem uma premissa escondida aí, que vale a pena analisar (não briga com o pseudo-filósofo aqui, Cerqueira), a de uma espécie de direito natural à herança do esforço dos antepassados. O sujeito muitas vezes não contribuiu com coisa nenhuma pra esse desenvolvimento de que se orgulha, e se acha muito com razão de usufruir mais de suas benesses porque… nasceu no lugar certo, o que - teses sobre vidas passadas à parte – não costuma depender de empenho individual.

Nas “discussões” sobre as cotas, a medida do desempenho feita pelas provas traveste-se de milimétrica auferição de mérito, não importa de que condições cada candidato partiu. O apego à meritocracia, contudo, relativiza-se tão logo esteja em jogo qualquer perda de privilégios.

Algo disso também pode ser visto no futebol. É claro, os salários são fora da realidade, há todo tipo de maracutaia, etc. Mas em muito da crítica feita às ferraris e mansões dos jogadores, não está também um torcer de nariz por sujeitos “sem classe” estarem por cima? E, digam o que disserem do marketing e dos medalhões, o motivo pra os jogadores brasileiros serem em sua maioria “de origem pobre” é que a seleção, nesse caso, é meritocrática (teses dunguísticas à parte, alguém talvez diria).

Não se trata de incoerência, mas de outra forma de coerência.  Os posicionamentos não precisam combinar-se entre si; importa é não haver contradição entre os interesses e as opiniões, cada uma tomada individualmente.


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quinta-feira, 27 de maio de 2010

A propaganda e os democratas programáticos

Acabo de ver o programa “partidário” do DEM, dedicado a divulgar o discurso de lançamento da candidatura de Serra. A campanha eleitoral, ao menos legalmente, ainda não começou. E propagandas assim, pela lei que regulamenta os partidos, deveriam servir para difundir programas partidários e a posição do partido em relação a “temas político-comunitários”, atividades relacionadas ao programa e - isto entrou no ano passado - promover e difundir a participação política feminina. Daí ser vedada “a divulgação de propaganda de candidatos a cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais ou de outros partidos”. Por conta da destinação e da proibição, esse uso distorcido  da propaganda, bastante difundido, vive sendo questionado, seja por adversários, seja pelo Ministério Público. Parece que o PT já se movimenta para recorrer à Justiça quanto a esse trailer do que será a campanha de Serra.

Claramente, é questão de cálculo de benefícios: se houver condenação, perdem-se  somente os direitos de transmissão da propaganda partidária, e apenas no… semestre seguinte. Nesses meses pré-eleitorais, quem se preocupa com não poder divulgar questões programáticas, e ainda por cima no semestre que vem?

Recentemente o PT também usou de sua propaganda para promover Dilma. Isso, claro, gerou as mais apaixonadas e insuspeitas defesas de nossas instituições democráticas, que Lula e seu partido insistiriam em desrespeitar. Juntem-se aí as multas aplicadas ao presidente pelo TSE, e pronto: os mais animados já falam até em tirar a candidata do jogo pelos tribunais. Serra era então aquele democrata que teria demorado a entrar na “corrida eleitoral” para não misturar seu papel de governador com o de candidato. Um estadista. Enquanto Lula zombaria dos tribunais e do princípio da igualdade perante a lei, numa imagem construída por meio de factóides e sem análise alguma do que marca a relação de seu governo com o Judiciário e o Ministério Público. Quase eu ia dizer aqui: a partir de agora, será preciso mais cara de pau para continuar esse discurso. Me arrependo: já era necessária toda cara de pau do mundo muito antes disso. Reinaldo Azevedo elogiou o programa do DEM, preocupando-se com sua eficiência apenas, e criticou a “histeria legalista seletiva” do pessoal do PT. Quem quiser que entenda.

Não quero apenas dizer: “Ah, os demo-tucanos falavam do PT, e olha eles aí fazendo a mesma coisa”. Esse tipo de argumento tem algo de deprimente. Se não é para acreditar que existem diferenças entre uns e outros, melhor seria anular o voto – e tentar emigração para a Suécia, Nova Zelândia, sei lá.

Até porque eles não fizeram a mesma coisa, fizeram melhor. Ironicamente, um dos blocos da fala de Serra no programa termina com ele dizendo algo como “A lei deve ser igual para todos! Ninguém está acima da lei no Brasil!”, isso numa propaganda em que se zombava da lei por cálculo político. Que requinte, hein?

Enfim, cai de vez a máscara, e a propaganda que vi hoje apenas mostra como ela era insustentável.

*Pequeno adendo (adicionado em 28/5/10)

Hoje vejo um post do blog de Josias de Souza tratar da propaganda do DEM. Em determinado momento, o colunista da Folha comenta:

“Na sucessão de 2010, segundo jurisprudência criada pelo PT, propaganda partidária tornou-se peça de campanha.”

Falta memória ou é má vontade? Há tempos que os partidos fazem esse uso da propaganda gratuita. Fico só em dois exemplos.

Em 22 de maio de 2007, o TRE de São Paulo cassou um minuto na propaganda partidária do PSDB por promoção pessoal do candidato à presidência Geraldo Alckmin em 2006.

Já o DEM teve, em 27 de setembro de 2007, 18 minutos de sua propaganda cassados pelo mesmo TRE-SP. O motivo? As inserções do partido promoviam a candidatura de Gilberto Kassab às eleições.


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Quando o Cara quebrou a cara (2): Lula no El País

Texto publicado originalmente no jornal espanhol El País de 24/05/2010, com o título "Lula: jugar en primera división sin mojarse". – Walter Dos Santos
por Jorge Castañeda*

Hace tiempo que el Brasil de Lula busca un papel global, y que el mundo reconoce sus méritos y celebra sus esfuerzos. La prensa internacional ha hecho del gigante sudamericano la niña de sus ojos, colocando en un mismo plano el carisma de Lula, el Mundial de Fútbol del 2014, las Olimpiadas del 2016, el desempeño de Itamaratí (la Cancillería) en la Ronda Doha y el creciente papel brasileño en América Latina, desplazando tanto a México como a Estados Unidos, incluso en el patio trasero de ambos: Honduras.

En realidad, detrás de unas magníficas relaciones públicas y 16 años de buen gobierno (Cardoso y Lula), aunados a un crecimiento económico mediano pero sostenido, se perfilan varias aventuras diplomáticas fallidas, disimuladas por la superficialidad y la inercia mediáticas. Pero quizás se acerque la hora de la verdad, ya sea para confirmar el surgimiento de un nuevo protagonista global, ya sea para corroborar una obviedad: no bastan las ganas para ser una potencia mundial.

En efecto, el intento de Lula por lograr, de la mano de Turquía y de su mágica mancuerna diplomática (el primer ministro Erdogan y el canciller Davutoglu), un acuerdo con el régimen iraní que impidiera la imposición de nuevas sanciones a Teherán puede convertirse en un éxito notable o en una debacle. Los dos miembros no permanentes del Consejo de Seguridad de la ONU (CSONU) presentaron la semana pasada un acuerdo con el presidente Ahmadineyad cuyo propósito ostensible consiste en evitar que el programa de enriquecimiento de uranio iraní se traduzca en la fabricación de una arma atómica. Para ello, propusieron canjear, en el plazo de un año, uranio enriquecido de bajo grado iraní por varillas occidentales de uranio enriquecido de alto grado, destinadas exclusivamente al reactor de investigación de Teherán.

El propósito real residió, sin embargo, en impedir que el Consejo de Seguridad de Naciones Unidas considerara -y en su caso aprobara- un paquete de nuevas sanciones contra el país gobernado por los ayatolás. Dicha eventualidad hubiera obligado a Ankara y a Brasilia a afrontar una disyuntiva del diablo: seguir el consenso anti-Teherán y traicionar su propia retórica, u oponerse a una resolución patrocinada por los miembros permanentes del Consejo de Seguridad y quedarse solos en el intento, mostrando el aislamiento y la confrontación que entraña su "nueva diplomacia".

La lógica turca es evidente. La república aún kemalista posee intereses reales en la zona. Lleva a cabo un comercio intenso con su vecino; tiene en común una población kurda significativa; recibe parte de su gas y petróleo de Irán; una proporción importante de la población iraní habla turco. Su nueva política exterior consiste en alejarse de las viejas posturaspro Estados Unidos y pro Israel (Turquía es miembro fundador de la OTAN) y en acercarse a sus vecinos -Siria, Grecia e Irán, por supuesto- y al mundo islámico en su conjunto.

La lógica brasileña es menos obvia. No hay intereses significativos de Brasil en Irán, el antisemitismo de Ahmadineyad es mal visto por la comunidad judía de São Paulo, e Itamaratí sabe muy bien que pocas cosas exasperan más a los norteamericanos que un país aliado sin "vela en el entierro" entorpezca sus propósitos, con independencia de la justeza de estos últimos. En el fondo, el gambito de Lula es otro: utilizar la inminente crisis iraní para consolidar su lugar en el firmamento diplomático internacional.

El problema es que el acuerdo de Teherán no bastó para impedir la presentación de un proyecto de resolución por Washington y los demás miembros permanentes del Consejo, que contempla una cuarta etapa de sanciones con más dientes y más amplias. Todo indica, incluso, que los norteamericanos pudieron contar desde antes del esfuerzo turco-brasileño con los nueve votos necesarios para aprobar su resolución, dada por lo menos la abstención rusa y china para evitar un veto. Austria, Japón, Gabón, Uganda y México se encontraban en principio a bordo y Bosnia-Herzegovina y Nigeria en el limbo. Ya existía en principio una coalición suficiente para imponer nuevas sanciones, incluyendo un embargo de materiales susceptibles de ser utilizados para la construcción de misiles y no sólo de la ojiva nuclear que portarían.

Así, de prosperar la iniciativa de Estados Unidos, Francia y el Reino Unido (apoyada por Alemania y tolerada, en todo caso, por Rusia y por China), Brasil se hallaría en el peor de los mundos posibles. Tendrá que tomar partido, después de buscar evitarlo a través de un compromiso que adoleció de un defecto congénito. Una de las partes, es decir, Washington, nunca estuvo de acuerdo, aunque Davutoglu insista en que todo fue consultado con la secretaria de Estado Clinton. Si Brasil aprueba las sanciones en el CSONU, se habrá desdicho de su rechazo a las mismas; si vota en contra, lo hará en compañía, en el mejor de los casos, solo de Turquía y Líbano. Y si se abstiene, confirmará lo que muchos hemos reiterado: Lula quiere jugar en primera división, pero sin mojarse.

He aquí el quid del asunto. En realidad, Brasil ha logrado poco en el ámbito internacional, más allá de titulares. El objetivo diplomático número uno de Lula -lograr un escaño permanente en el Consejo de Seguridad- se ve, al término de ocho años de esfuerzos, menos viable que nunca. La aventura en Honduras resultó en una tragicomedia tropical: Brasil no pudo restituir a su asilado huésped Manuel Zelaya, este permaneció varios meses en la Embajada brasileña, y hoy Itamaratí solo puede chantajear a españoles y mexicanos con su ausencia en caso de cualquier invitación o reconocimiento al nuevo presidente hondureño. La reanudación de la Ronda de Doha sigue indefinidamente pospuesta, Copenhague no resultó y Cancún no promete, e incluso las diversas iniciativas regionales presentadas por Brasil de la mano con Hugo Chávez se hallan estancadas.

Ello se debe a una debilidad intrínseca del esquema. El tamaño de una economía (Japón) o de una demografía (India) no otorga ipso facto el estatuto de actor mundial. Más bien es la toma de partido, los valores impulsados y la eficacia a escala regional lo que, en su conjunto, pueden (o no) convertirse en una catapulta al estrellato internacional. Brasil linda con nueve países, y todos ellos padecen serios conflictos internos (Colombia, Bolivia, Venezuela) o con sus vecinos (Argentina con Uruguay, Colombia con Venezuela y Ecuador, Perú con Ecuador y con Chile, Bolivia con Chile). Pero Lula en ese pantano no ha querido incursionar: mantiene una prudente pasividad antiintervencionista, o un franco respaldo a las posiciones bolivarianas de Chávez, Correa, Morales, Daniel Ortega en Nicaragua y los hermanos Castro en La Habana. Se resiste a impulsar valores, a tomar partido, o a buscar resultados concretos en su propio terreno.

Tal vez resulte más fácil mediar entre Teherán y Washington (aunque nadie lo ha logrado desde 1979) que entre Caracas y Bogotá, o entre Buenos Aires y Montevideo. A pesar de su patente irritación, quizás Barack Obama y Hillary Clinton prefieran darle el beneficio de la duda al proyecto turco-brasileño antes que ceder a la impaciencia de Israel y de Francia. Lula puede salir airoso de su lance en las planicies persas o acabar mal con todos. Posiblemente debiera haberse mostrado satisfecho con las portadas de las revistas, sin buscar en exceso llenarlas de contenido. Suele ser más difícil.

*Jorge Castañeda, ex secretario de Relaciones Exteriores de México, es profesor de Estudios Latinoamericanos en la Universidad de Nueva York.
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Quando o Cara quebrou a cara (1): Lula no The New York Times

O texto abaixo, traduzido por Reinaldo Azevedo e divulgado no seu blog em 26/05/2010, foi publicado originalmente no jornal americano The New York Times. Com o título "As Ugly as It Gets", Thomas L. Friedman analisa e critica o recente e fracassado acordo com o Irã sobre a questão nuclear, mediado pelo Presidente Lula. – Walter Dos Santos
Confesso que tão logo vi a foto, no dia 17 de maio, do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao lado de seu parceiro brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, de braços levantados — depois da assinatura do suposto acordo para pôr fim à crise gerada pelo programa nuclear do Irã —tudo o que pude pensar foi: “Há coisa mais feia do que assistir a democratas vendendo baratinho outros democratas a um negador do Holocausto, assassino e ladrão de voto só para cutucar os EUA e mostrar que eles também podem atuar na cena global?

Não! Mais feio impossível!

“Por muitos anos, os países não-alinhados e em desenvolvimento culparam os EUA por cinicamente perseguir seus próprios interesses, sem se preocupar com os direitos humanos”, observa Karim Sadjadpour, do Carnegie Endowment. “Como a Turquia e o Brasil aspiram a fazer parte do cenário global, eles vão enfrentar as mesmas críticas que antes faziam. A visita de Lula e Erdogan ao Irã aconteceu poucos dias depois de o país ter executado cinco prisioneiros políticos, torturados em interrogatórios. Eles abraçaram calorosamente Ahmadinejad como a um irmão, mas não disseram uma só palavra sobre direitos humanos. É expressão da suposição errada de que os palestinos são os únicos que buscam justiça no Oriente Médio e de que, se você evoca a causa deles, pode, então fazer as vontades de Ahmadinejad.

Turquia e Brasil são duas democracias nascentes que tiveram de superar suas próprias histórias de governos militares. É vergonho para seus líderes abraçar e fortalecer o presidente iraniano, que usa o Exército e a polícia para esmagar e matar democratas iranianos — pessoas que buscam a mesma liberdade de expressão e de escolha política de que desfrutam turcos e brasileiros.

“Lula é um político gigantesco, mas, moralmente, é uma profunda decepção”, disse Moisés Naim, editor da revista Foreign Policy e ex-ministro do Comércio da Venezuela.

Lula, observou Naim, “apoiou o enfraquecimento da democracia na América Latina”. Ele freqüentemente venera o homem forte da Venezuela, Hugo Chávez, e Fidel Castro, o ditador de Cuba, e, atualmente, Ahmadinejad, mas denuncia a Colômbia — um dos grandes exemplos de sucesso da democracia — porque o país permite que aviões americanos usem suas bases militares para combater o narcotráfico. “Lula tem sido bom para o Brasil, mas terrível para seus vizinhos democráticos”, disse Naím. Lula, que surgiu para a fama como um progressista líder trabalhista, virou as costas para os líderes trabalhistas violentamente reprimidos no Irã.

Certo! Tivessem o Brasil e a Turquia realmente convencido o Irã a, comprovadamente, pôr um fim a seu suspeito programa de armas nucleares, os Estados Unidos teriam dado seu apoio. Mas isso não aconteceu.

O Irã tem hoje algo em torno de 2.197 quilos de urânio pouco enriquecido. Segundo o acordo de 17 de maio, o país supostamente concordou em enviar 1.200 quilos de seu estoque para a Turquia para trocar por um tipo de combustível nuclear necessário para uso medicinal — o combustível não pode ser empregado para fazer uma bomba. Mas isso ainda deixaria o Irã com aproximadamente uma tonelada de urânio estocado, que o país se recusa a pôr sob inspeção internacional e que pode continuar a ser processado para elevar o nível de enriquecimento e fazer a bomba.

Então, o que esse acordo realmente faz é aquilo que o Irã já queria fazer: enfraquecer a coalizão global que pressiona o país a abrir suas instalações nucleares à inspeção da ONU e, de quebra, legitima Ahmadinejad no aniversário do esmagamento do movimento pela democracia no Irã, que reivindicava a recontagem dos votos nas eleições de junho de 2009.

Do meu ponto de vista, a “Revolução Verde” no Irã é o mais importante, e espontâneo, movimento democrático a surgir no Oriente Médio em décadas. Ele foi reprimido, mas continua, e, no fim das contas, seu sucesso — e não qualquer acordo nuclear com o clero iraniano — é a única base sustentável para a segurança e a estabilidade. Nós temos gastado pouquíssimo tempo e energia alimentando esse princípio de democracia e tempo e energia demais buscando um acordo nuclear.

É como me disse Abbas Milani, um especialista em Irã da Universidade de Stanford: “A única solução de longo prazo para o impasse é um regime mais democrático, responsável e transparente em Teerã. A grande vitória do regime clerical do Irã foi fazer com que a questão nuclear fosse praticamente o único foco de suas relações com o Estados Unidos e com o Ocidente. O Ocidente deveria desde sempre ter perseguido uma política de duas vias: negociações sérias nos assuntos relativos ao programa nuclear e não menos sérias naqueles relativos aos direitos humanos e à democracia no Irã.

Eu preferiria que o Irã jamais conseguisse a bomba. O mundo seria mais seguro sem novas armas nucleares, especialmente no Oriente Médio. Mas o Irã vai se tornar uma potência nuclear, e faz uma baita diferença se um Irã democrático tem o dedo no gatilho ou a atual ditadura clerical e assassina. Qualquer pessoa que trabalhe para retardar a bomba e para fortalecer a democracia no Irã está do lado dos anjos. Qualquer um que fortaleça esse regime tirânico e dê cobertura para sua delinqüência nuclear terá de prestar contas, um dia, ao povo iraniano.
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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Cristovão Tezza: O evangelho segundo Lula

Publicado originalmente no jornal Gazeta do Povo em 27/04/2010. – Walter Dos Santos 
Sentindo-se solitário e triste na escuridão do final dos tempos, disse Lula: “Fiat Dilma!” E Dilma se fez. E Lula viu que estava razoável, contratou um instituto de beleza e outro de opinião, e viu que com ele ninguém podia, e resolveu separar os bons dos maus e a luz das trevas, para uma nova batalha celeste. E acalmou seu rebanho indócil e arregimentou profetas de outras colônias para sua nova missão; chamou os anjos mensaleiros, convocou os santos antigos e ungiu velhos inimigos convertendo-os à Guerra Santa pelo báculo Lulista. “Vai ser fácil!”, bradou ele na Assembleia do Purgatório, e os anjos abraçados fizeram “Hurra! Hurra! Hurra!” E Lula viu que isso era muito bom e foi descansar.

E no segundo dia Lula resolveu desenterrar o Príncipe das Trevas, o satânico FHC, e viu que isso era bom; e lançou contra ele a Voz do Senhor, e separou as águas puras das impuras, o Bem do Mal, o Fim e o Início dos Tempos, e decidiu que o inimigo era FHC, e não o Candidato; e viu também que o Candidato não saía da moita, e augurou tempestades nas hostes dos inimigos, aflitos de indecisão, e viu também que isso era muito bom, e foi descansar.

No Terceiro Dia, o Senhor Lula viajou pelos quatro cantos da Terra para levar sua palavra e re fazer o mundo; e ganhou muitos adeptos, santinhos autografados e fotografias na primeira página, e ele viu que isso, sim, era muito bom; e resolveu comprar avião de guerra, mas sem dizer, dizendo, de quem compraria; e ele viu que isso era bom, e tocou o barco pelos oceanos até que a água baixasse; e mandou uma pomba de paz com uma camisa da Seleção para o Irã, que soltou mísseis em regozijo, e um grande abraço para Cuba, que não soltou ninguém, porque os passos do Senhor Lula são inescrutáveis e os fiéis abrem caminho, e isso, ele viu, é muito bom.

No Quarto Dia o Candidato das Trevas levantou-se da tumba e proclamou-se o primeiro da lista, aquele que sucederia ao Senhor; e sua voz foi ouvida e um murmúrio correu entre os pastores e homens do povo, e seu nome subiu nas pesquisas; e vendo Lula que isso era realmente muito ruim, arregimentou o Profeta Ciro para combatê-lo; e o Profeta Ciro subiu ao monte e bradou, sacudindo o cajado, que o Candidato Inimigo era mais feio por dentro do que por fora, e o Senhor Lula cofiou a barba pensando se aquilo era mesmo bom; e teve sonhos intranquilos.

No Quinto Dia, decidiu Lula tirar o Profeta Ciro do caminho, e com retórica divina convenceu a seita de Ciro a colocá-lo para escanteio; e o Conselho do Limbo deliberou pela Palavra do Senhor, e Ciro foi despojado de sua mitra e seu microfone, e condenado a passar 40 dias e 40 noites no deserto, e Lula viu que isso era ótimo; e encerrando a Obra em cinco dias, mandou Dilma fazer milagres e andar sobre as águas, abriu uma cervejinha e foi descansar, à espera do Dia do Juízo Final.

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Como se tornar um revolucionário

Vídeo parodiando o Polishop e os burgueses de consciência culpada estudantes revolucionários, produzido em 2008 pelos alunos da Faculdade de Comunicação da UFRGS para disciplina Laboratório de Criação. Qualquer semelhança com fatos e personagens reais encontrados nos CAs, DCEs, UNE, UJS etc. da vida não é mera coincidência. – Walter Dos Santos


Pollyshop - Kit Left Revolution




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Governo do PT é o que mais censura (3)

Publicada originalmente no jornal O Estado de S.Paulo de 13/05/2010, com o título: "Justiça proíbe jornal do ABC em publicar reportagens sobre prefeito" - Walter Dos Santos
A ANJ considera medidas dessa natureza como uma violação frontal do direito à liberdade de expressão

Daniel Bramatti, de O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO - Em mais um caso de censura determinado pela Justiça de primeira instância, o jornal Diário do Grande ABC está proibido de publicar reportagens que relacionem o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), ao suposto descarte de carteiras escolares em bom estado de conservação.

O jornal já recorreu da decisão, tomada pelo juiz Jairo Oliveira Junior, da 1ª Vara Cível de Santo André. Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) criticou a iniciativa do prefeito e o despacho do juiz.

"A ANJ considera medidas judiciais dessa natureza como o estabelecimento de censura prévia que viola frontalmente o espírito e a letra da liberdade de expressão assegurada pela Constituição Federal", afirmou a entidade. "A ANJ apoia a decisão do jornal de recorrer da proibição, para que o mesmo Poder Judiciário que decidiu pela censura prévia restabeleça o primado constitucional. O direito à informação, mais do que dos meios de comunicação, é de toda sociedade."

Marinho, autor do recurso à Justiça, afirmou em nota que não houve "qualquer pedido de censura", e sim "uma determinação judicial" que pune o jornal com multa diária de R$ 500 caso sejam publicadas reportagens que o envolvam com o caso.

A prefeitura nega que as carteiras e cadeiras descartadas estivessem em bom estado de conservação, ao contrário do que afirma o jornal, e considera a reportagem "inverídica e ofensiva, caracterizadora de injúria, calúnia e difamação".

Segundo Sérgio Vieira, chefe de reportagem do Diário do Grande ABC, a versão da prefeitura sobre o caso foi contemplada no próprio texto que a acusou de jogar fora o material. "Das 117 linhas da reportagem, 33 foram dadas para que a prefeitura se manifestasse."

Procurado pela reportagem, o juiz Jairo Oliveira Junior preferiu divulgar uma mensagem por escrito. No texto, afirma ser necessário esclarecer "que nenhuma sentença foi proferida no processo, mas apenas uma tutela antecipada, prevista do Código de Processo Civil, isto é, uma decisão provisória destinada a resguardar eventuais direitos que possam ser reconhecidos no final do processo".

"Considerando que o autor da ação, amparado em prova documental, sustenta que a referida matéria jornalística sugereincomprovada vinculação dele a uma conduta ilícita ou inidônea, a lei confere à parte supostamente lesada outro direito, que é a já referida decisão provisória, para evitar, no curso do processo, o risco de danos de difícil reparação. E porque o papel do Judiciário justamente é revelar a verdade, isso, evidentemente, não será uma censura, qualificada como um ato destinado a esconder a verdade", acrescentou o juiz.
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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mais do mesmo

Que a oposição anda meio sem discurso, qualquer pessoa que freqüente a blogosfera já percebeu. A última de Serra é ótima. Em entrevista à rádio CBN, o candidato do PSDB se definiu “de esquerda”, quem sabe seguindo uma deixa de Caetano Veloso, que, numa sacada genial, viu o que ninguém mais foi capaz.

Talvez seja essa a razão porque algumas das críticas que se tem feito a Dilma tenha esse gosto de comida requentada. (E, percebam, não ignoro que comida requentada tem lá o seu sabor muito peculiar. Eu mesmo tenho uma certa predileção por feijoada dormida, mas isso é outro assunto.)

Lê-se hoje, por exemplo, no blog de Josias de Sousa que

“A oposição pergunta: Que feitos produziu a preferida de Lula para justificar a promoção?

A mesma oposição responde: Dilma ainda não deu ao país nenhuma realização palpável.”

Ignoremos o fato de que o respeitável jornalista encarna tanto a voz que pergunta quanto a que responde. É só mais um exemplo do papel que cabe a parte da mídia nessas eleições. Mais interessante, ao menos para o que pretendo agora, é levantar uma outra questão: a da inexperiência política da candidata do PT – ou do presidente Lula, como se repete a torto e a direito por aí.

Ao ler o blog do Josias, hoje pela manhã, me lembrei imediatamente de Patrícia Daniela, uma amiga do segundo grau. Aqueles eram outros tempos, quando ainda me dava ao trabalho de fazer campanha política abertamente. Pois bem, num desses momentos pré-eleitorais, em meados de 2002, perguntei a Paty o porquê de tamanha resistência a votar em Lula, ao que ela me respondeu: não votaria no então candidato do PT simplesmente porque ela nunca o havia visto governar, portanto não tinha como avaliá-lo.

O argumento não deixa de ter sua validade, mas ele tem lá os seus problemas. Primeiro, havia, sim, uma resistência ao que ela via como a empáfia de um metalúrgico sem formação acadêmica de querer governar a nação. Segundo, e isso eu me lembro de ter falado com ela, se experiência política fosse tão determinante assim, talvez devêssemos votar em ACM, cujo currículo eleitoral era bastante consistente.

Oito anos depois, com todos os erros e acertos de seu mandato, Lula deu provas suficientes de que, embora a experiência política seja importante, não é ela o que determina o sucesso ou o fracasso de um governo. Meus conhecimentos dos meandros da política são irrisórios, é verdade, mas me parece que esse culto à figura do presidente é um tanto pernicioso. É melhor eu me fazer mais claro: não estou dizendo que qualquer um pode ser presidente da república. Estou dizendo que, não sendo um ditador, ninguém governa sozinho. (Talvez nem esse o faça, mas pelo menos encarna a figura do faz-tudo.) Tão importante quanto aquele que é o primeiro mandatário da nação, é a equipe que ele convoca para assessorá-lo, para pôr em andamento um programa político sólido. E todos sabemos que foi exatamente nesse ponto em que o governo Lula mais acertou e mais fracassou.

Assim, meu grande medo em relação a um futuro governo Dilma tem pouco a ver com sua experiência, mas com o espaço que o PMDB dos Temers, dos Calheiros e dos Sarneys vai ter ao seu dispor. Do mesmo modo, temo o que seria um governo Serra, que conta com o apoio de um partido tão nefasto como o ARENA, perdão, PFL, desculpa, DEM. Mas isso não parece incomodar ninguém mais.

As críticas requentas, contudo, não param por aí. Uma outra que me tem tirado mais a paciência do que o meio campo do Vitória é a da radicalização do PT. Em fevereiro desse ano, a Veja levantou a bola:

“Lula logrou conter o ímpeto dos radicais, dando-lhes cargos periféricos e gordas verbas em troca de obediência canina. Dilma, se eleita, conseguirá?”

É impressionante. Quem se lembra da capa da mesma revista, publicada em 23 de outubro de 2002?

Veja

Antes era o preço pelo silêncio. Hoje, a inabilidade política de Dilma para controlar a radicalidade do partido. Oito anos de diferença, e a retórica do medo persiste. Uma idéia infundada, que alimenta o discursos de alguns dos setores mais conservadores do país. Me refiro, mais especificamente, a Reinaldo de Azevedo, com muito mais leitores, e a Walter, nosso companheiro de blogue, que não se cansa de nos mostrar as mazelas de um regime esquerdopata. E, aqui, tudo, absolutamente tudo o que o governo faz nada mais é do que uma manifestação de sua tendência stalinista e antidemocrática. Tendência essa que apenas alguns poucos eleitos têm a capacidade de perceber e a obrigação de nos fazer ver.

Pois bem, na ausência de um discurso que lhe seja próprio – em parte porque a pseudoesquerda, nas palavras sempre sábias de Josias de Sousa, lhe roubou uma parte considerável do seu programa político –, a direita brasileira tem requentado algumas das suas críticas a Lula. Espero, sinceramente, que o alcance dessas críticas seja o mesmo de 2002: a mesma lata de lixo de onde elas vieram.


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quarta-feira, 5 de maio de 2010

O que a esquerda brasileira não conta (3)

Youtube – A verdade sangrenta sobre o Comunismo*


*Se preferir, assista ao vídeo original, sem legenda em português.


Veja também na série O que a Esquerda Brasileira não Conta


Texto (1) – Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil
Texto (2) – Novos estudos reformulam a História do Brasil
Texto (4) – O Holocausto Comunista

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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Chavez: entrevista a Kennedy Alencar

Nesse bloco da entrevista a Kennedy Alencar, Hugo Chavez fala um pouco sobre as relações com o Brasil. Mais diplomacia que o esperado quanto a uma possível vitória de Serra. Ele garante que pretende manter a “rede” que vem sendo criada entre os países. Há uma certa insistência do entrevistador quanto ao Brasil representar uma espécie de modelo do que a esquerda da América Latina deveria fazer: porque há mais conciliação, porque o presidente brasileiro se negou a buscar o terceiro mandato... A resposta de Chavez é afinadíssima com a de Lula: cada país tem suas especificidades, e tudo que ocorre na Venezuela não pode ser entendido fora do contexto da história recente do país. Tou com eles.

O restante da entrevista: bloco 1 e bloco 2.


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Vestibular (2) - Prof. Lula ensina Geografia, Atualidades e Gramática

Lula da Silva: 
"O aquecimento global não nos afetaria 
se o mundo fosse quadrado ou retangular"

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Vestibular (1) - Profa. Dilma ensina Geografia, Cinema e Literatura

Dilma Roussef: 
"Em Vidas Secas, as pessoas saem 
do Nordeste para vir para o Brasil"


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domingo, 2 de maio de 2010

O candidato X o presidente (2) - Lula e a família Sarney


Veja também: O candidato X o presidente (1) - Lula e o Bolsa Família
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Quão eficaz é o Bolsa Família? (1)

Publicado originalmente no jornal Correio Braziliense de 2/05/2010, com o título: "Fome Zero: Com direito a comida, mas ainda muito pobres". – Walter Dos Santos
Eleitas pelo presidente Lula, em 2003, como símbolos do programa de combate à falta de alimentação, a mineira Itinga, a piauiense Guaribas e a pernambucana Brasília Teimosa continuam a conviver com a miséria sete anos depois

Luiz Ribeiro, enviado especial a Itinga (MG)
Tiago Pariz, enviado especial a Guaribas (PI)
Sílvia Bessa, do Recife

Sete anos e meio depois de ter sido criado como principal arma para combater a miséria no país, o Fome Zero provocou mudanças significativas na vida dos moradores das três localidades que viraram uma espécie de símbolo do programa: Itinga, no Vale do Jequitinhonha; Guaribas, no Piauí, e Brasília Teimosa, antigo bairro do Recife. Mas nem por isso o fantasma da miséria deixa de assombrar boa parte da população. No início de 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recém-empossado no Palácio do Planalto, e grande parte dos seus ministros escolheram as duas cidades e o bairro do Recife para lançar o Fome Zero. A escolha desses locais foi motivada pelos níveis de pobreza e carência da população. Na época, equipes de reportagem do Correio/Estado de Minas acompanharam a visita de Lula, mostraram a realidade dos moradores e as suas necessidades, além das promessas que foram feitas a eles.

Na semana passada, de volta a essas localidades, os repórteres foram verificar o que mudou na vida dos seus habitantes. Guaribas vive hoje em torno do Bolsa Família: 96% dos moradores recebem o benefício, que movimentou a economia da região ao mesmo tempo em que propiciou a melhora nas condições de vida de muitas famílias. Mas, como em 2003, não é difícil encontrar situações de miséria. Em Itinga, mais de 2 mil famílias se sustentam com o Bolsa Família, mas as estatísticas mostram que o quadro social ainda é desolador. Pesquisa realizada pela Fundação João Pinheiro e divulgada quinta-feira coloca a cidade como a pior em qualidade de vida de Minas Gerais. Quanto a Brasília Teimosa, a favela sobre palafitas não existe mais. As mais de 500 famílias que viviam entre ratos e lixo foram transferidas do local, que foi urbanizado e ganhou até espaço de lazer.

Mudanças na paisagem


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Governo do PT é o que mais censura (2)

TV Estadão, 2/03/10 – Humorista Marcelo Madureira denuncia censura petista no Brasil 

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Governo do PT é o que mais censura (1)

A informação abaixo, com o título "Governo do PT – Líder mundial em CENSURA na WEB", foi publicada na seção de comentários do site altamente recomendável Gente que Mente. Sim, o mesmo que o PT DE DILMA QUER CENSURAR por contar as mentiras e as verdades da campanha petista. Nada estranho para um governo, porém, que declara que a Venezuela "tem democracia até demais" e compara os presos políticos de Cuba aos condenados nas cadeias brasileiras. – Walter Dos Santos
O gigante Google recebe regularmente pedidos de informação e/ou de remoção de dados dos seus serviços vindo de governos do mundo todo, Tentando tornar estes pedidos públicos e transparêntes o Google criou uma página em http://www.google.com/governmentrequests onde mostra um mapa mundi com o número de pedidos de cada país.

A criação faz parte de uma iniciativa global contra a censura na Internet, que vem aumentando em todo o planeta, no qual terá os dados atualizados semestralmente.

Veja o ranking:

Brazil 291
Germany 188
India 142
United States 123
South Korea 64
United Kingdom 59
Italy 57
Argentina 42
Spain 32
Australia 17
Canada 16

Brazil
3663 data requests
291 removal requests
82.5% of removal requests fully or partially complied with.
21 Blogger (court order)
5 Blogger
4 Gmail (court order)
1 Google Suggest
99 orkut (court order)
119 orkut
9 Web Search (court order)
32 YouTube (court order)
1 YouTube11

Alguém ainda tem dúvidas de que estamos em um governo DITATORIAL?

Os donos do Pasquim receberam milhões de indenização pela censura sofrida durante o governo militar. As centenas de blogs e páginas anti-esquerdistas censuradas, no futuro, receberão também? Atenção jovens! Voces que irão pagar essa conta.
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O Globo: Para sociólogo francês, Lula foi continuação de FHC

Publicado originalmente no jornal O Globo de 1º/5/2010, com o título "Touraine: Serra é continuidade" (via blog do Noblat). – Walter Dos Santos

De Merval Pereira:

O sociólogo francês Alain Touraine, diretor de estudos da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, foi professor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e conhece Lula há bastante tempo, a ponto de ter atuado para que a transição de poder entre os dois se desse da maneira como ocorreu, que ele classifica de “generosa” por parte de Fernando Henrique.

O sucesso do país, inclusive no campo internacional, Touraine atribui justamente a uma continuidade de projeto político, já que, numa análise mais aprofundada, ele está convencido, não é de hoje, de que os períodos de Fernando Henrique Cardoso e de Lula são parte de um mesmo projeto.
Leia também em nosso blog: The Wall Street Journal: O melhor de Lula é o FHC
Aqui em Córdoba, onde participou da Conferência da Academia da Latinidade, Touraine me disse que o Brasil está encontrando uma maturidade como nação, com um mercado interno forte e elementos de economia avançada.

O consenso entre as forças políticas sobre a necessidade de combinar políticas realistas na economia e preocupação com a melhoria social tem prevalecido nesses últimos 15 anos, e a isso o professor francês atribui a continuidade dos avanços.

(Leia a íntegra do artigo em Touraine: Serra é continuidade)

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O Globo: Dilma ainda procura seu espaço na campanha

Publicado originalmente no jornal O Globo de 2/5/2010 (via blog do Noblat). – Walter Dos Santos
Cercada de assessores e aliados, ela pouco tem tido voz ativa na condução da pré-campanha; Lula é esperado

De Maria Lima e Gerson Camarotti, de O Globo:

Dilma tem que sorrir mais, tem que afinar a voz, tem que se vestir assim. Dilma não pode viajar a tal lugar, tem que ser mais afirmativa, menos arrogante, tem que apoiar tal candidato.

A ex-gerentona do governo Lula já fez de tudo, dançou fado português, cantou “El día que me quieras” em programa popular de TV, mas, para os “experts” em campanhas políticas, ainda não encontrou um rumo que dê segurança aos aliados. E está ainda procurando seu espaço próprio na campanha.

Dilma passa a maior parte do tempo cercada por assessores de tudo: de imprensa, internet, imagem, comunicação, voz. Sem autonomia, não sabe o rumo das negociações de palanques nos estados ou mesmo o que está sendo agendado de viagem.

Diante de tantos comentários, opiniões e críticas, a pré-candidata petista tem se mostrado mais insegura e solitária. Segundo interlocutores da ex-ministra, isso tem feito com que ela mostre

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