segunda-feira, 14 de junho de 2010

Dossiês e PT – tudo a ver (1)

Publicado no blog do Reinaldo Azevedo em 13/06/2010, com o título "O solo petista é propício à geração espontânea de dossiês". – Walter Dos Santos
“Não pedimos, não fizemos, não divulgamos nenhum dossiê, nenhuma investigação sobre Eduardo Jorge”.

A fala é de Cândido Vacarezza (SP), líder do PT na Câmara. Repete negativa de José Eduardo Dutra, presidente do partido, referindo-se ao dossiê contra Serra. É mesmo um troço impressionante.

No PT, há um solo propício ao que se poderia chamar, então, de “geração espontânea de dossiês”. Ninguém “pede”, ninguém “faz”, ninguém “encomenda”, ninguém “divulga”, mas o papelório aparece. Que seja sempre um petista ou alguém a serviço do partido a oferecê-lo a jornalistas, isso é só uma coincidência.

Desde os tempos de Primeira Leitura — revista que, ainda hoje, mesmo depois de morta, desperta rancor e fúria —, aponto o conluio nefasto entre PT, setores da imprensa, setores da Polícia Federal e do Ministério Púbico. Havia uma verdadeira linha de produção de “fatos” contra os inimigos do partido. Vigaristas, durante um bom tempo, solidificaram a sua reputação de “jornalistas investigativos” divulgando a invencionice da bandidagem.

O exemplo mais notável e duradouro de armação foi o tal Dossiê Cayman — não por acaso, contra figuras do governo FHC. Seus maiores divulgadores no jornalismo pararam de falar no assunto, depois que os autores da mentira foram presos, sem se descuilpar nem com os leitores. O mesmo procedimento procurou enlamear o processo de privatização.

O fato de alas saneadoras da imprensa se negarem, hoje, a ser porta-vozes de bandidos não deixa de ser um sinal positivo. Mas que se note: a linha de produção continua operando.

A política não é exatamente um lugar de santos ou um convento — a rigor, nem os conventos são… conventos! Mas que não tentem me atrair para a falácia de que “todo são iguais”. Iguais em quê? Segundo qual critério? FHC ficou oito anos do poder apanhando dos petistas, que botavam o bloco da rua — inclusive com o movimento “Fora FHC”. Alguém viu tucanos a oferecer “dossiês” a jornalistas contra Lula e seus valentes? A maior crise do governo Lula, a do mensalão, foi provocada pela base aliada.

Na oposição ou no governo, a prática dos petistas continua a mesma. A diferença é que, agora, dominam o aparelho de estado e o mobilizam contra adversários, coisa típica de estado policial. Trata-se de respeitar ou não as regras do jogo democrático. E eles não respeitam.

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