Final de semestre, copa do mundo. Falta de tempo pra escrever, e, provavelmente, de disposição pra ler sobre política. Então nada de sair dissertando sobre o quanto pode ser simbólico o lançamento da candidatura de Serra num decadente clube de classe média em Salvador, dizem que sem nenhum negro no palanque. Nem dá pra comentar as últimas da história de um dossiê supostamente feito pela campanha de Dilma contra Serra – o mais concreto dela, por enquanto, é que há um livro do jornalista Amaury Ribeiro Júnior sobre as privatizações da era FHC, a ser lançado depois da copa.
Pra lá disso tudo, o que talvez realmente influencie essa campanha são os fenômenos econômicos que ocorreram durante o governo Lula, como mostra matéria da Folha, que fez boa entrevista com o economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Pesquisas Sociais da FGV do Rio. Eis alguns dados:
- queda da desigualdade por sete anos consecutivos, fora um, e retomada da redução em ritmo mais acelerado este ano;
- 10% de redução de pobreza de abril de 2009 a abril de 2010;
- ascensão de 31,9 milhões de brasileiros às classes ABC;
- 20 milhões de pessoas saíram da pobreza em cinco anos;
- a diminuição da pobreza não se deve só ao Bolsa Família, mas também ao aumento do emprego formal, da renda do trabalho e à valorização do salário mínimo (de 1,4 a 2,2 cestas básicas):
“Para Lena Lavinas, especialista no assunto no Instituto de Economia da UFRJ, a pobreza no Brasil cai especialmente por conta da criação de vagas formais no mercado de trabalho.
‘Cerca de 90% dos novos empregos formais nos últimos anos pagam até três salários mínimos (R$ 1.530,00). Isso favorece diretamente os mais vulneráveis’, diz Lena.
Além de criar quase 13 milhões de empregos formais (de 28,7 milhões para 41,5 milhões), o governo Lula patrocinou um aumento real (acima da inflação) de 53,6% para o valor do salário mínimo.”“Ademir Figueiredo, coordenador do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), afirma que a recuperação do salário mínimo ‘foi o grande ‘programa social’ de Lula’. "Pois ele tem impacto direto sobre o crescimento da renda familiar."
A história do dossiê é vaguíssima, e deve atingir muito mais a candidatura de Serra no segundo semestre. A política externa, ao contrário do que se pensa, tem apoio da opinião pública. Não parece haver condição política de derrubar a candidatura Dilma nos tribunais, seja pela aprovação de Lula, seja pela falta de base social da oposição (no discurso de Serra, isso virou “não tenho esquadrão de militantes pagos com dinheiro público”, ou algo assim), seja porque nesse campo os demo-tucanos tampouco têm ficha limpa.
Muito mais que isso, o bom momento econômico tende a ter um papel importante (veja no NPTO), e essa transformação social é atribuída principalmente ao governo Lula - em minha opinião, de forma justa. Não é lábia nem simbolismo, foram feitos reais, sentidos pela maioria.
Enfim, é a realidade social, estúpido.
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