Comentário publicado originalmente no blog do Ricardo Noblat de 6/04/2010. Destaco a frase "Em campanha, não importa se é verdade, meia verdade ou mentira o que o candidato diz. Ele quer mais é se eleger. E se vale de todos os recursos para isso."– Walter Dos Santos
Enquanto o ex-governador José Serra ainda evita falar abertamente como candidato do PSDB a presidente da República, a ex-ministra Dilma Rousseff fala - e com desenvoltura - como candidata do PT e de uma dezena de partidos.
Por ora, seu discurso enfatiza dois pontos: a herdeira de Lula é ela. A oposição é anti-Lula.
Em campanha, não importa se é verdade,
meia verdade ou mentira o que o candidato diz. Ele quer mais é se eleger. E se vale de todos os recursos para isso.
Pode ser desmoralizado por uma mentira que diga. Mas se a mentira se parece com uma verdade ou com uma meia verdade, tudo bem.
A oposição que Serra faz ao governo não pode ser taxada de anti-Lula. Até aqui não se ouviu uma crítica direta de Serra a Lula.
Não importa. Dilma não pode deixar que ganhe força a idéia de que também Serra daria continuidade ao governo Lula. Assim como Lula deu continuidade ao governo de Fernando Henrique Cardoso.
Apela para o medo: olha, se meu adversário for eleito, ele acabará com tudo de bom feito por Lula.
Dilma sabe que isso não é verdade. Mas quem sabe não cola?
Dilma sabe que o apagão de energia não foi gestado na época em que Serra era ministro do Planejamento de Fernando Henrique. Ele era ministro da Saúde quando houve o apagão.
Também não importa. Os brasileiros menos informados - a maioria, por sinal - pode engolir a história.
Algo como 53% dos eleitores ainda não sabem que a candidata de Lula é Dilma. Para esses, ela diz: Se for eleita, sempre consultarei o presidente Lula quando tiver que tomar decisões importantes.
Verdade ou mentira?
Quem sabe é ela.
Mas a confissão de dependência, sujeição ou subalternidade a Lula reforça sua identidade com ele.
O que está em jogo, e Dilma tem clareza disso, é o terceiro mandato para Lula.
A Constituição impede duas reeleições seguidas.
Então Lula escolheu à perfeição um candidato que só será capaz de vencer se a maioria dos brasileiros atender ao seu apelo: votem nele que será a mesma coisa que votar em mim.
Isso é de uma arrogância sem par. Mas e daí?
Lula acha que pode se dar a esse luxo.
Seu cálculo é simples: uma possível vitória de Dilma lhe será integralmente atribuída. Uma eventual derrota será atribuída a Dilma.
Porque embora apoiada pelo presidente mais popular da História ela foi incapaz de vencer.
Lula ganha se Dilma for eleita e não perde se ela for derrotada.
Convenhamos: é o melhor dos mundos para ele.
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