O texto abaixo é trecho da matéria publicada no jornal Estado de Minas de 28/03/2010, onde os interessados poderão lê-la integralmente. Título original: Universidades federais mineiras criam cursos que nem sala têm. – Walter Dos Santos
por Glória Tupinambás, do Estado de Minas
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Aula à distância no curso de Engenharia da UFMG e computadores sem monitor na UFOP
Estudantes que se aventuram em novos cursos de graduação criados recentemente pelas universidades federais encontram um cenário preocupante em Minas: faltam salas de aula, professores, material de ensino, laboratórios de pesquisa e, principalmente, respeito aos alunos. Nesse território dos “sem-sala” está
Simone Cristina Avelar, de 28 anos, do novo curso de design de moda da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Toda entusiasmada com seu primeiro dia de atividades, ela imaginou que iria encontrar carteiras novinhas, laboratórios com computadores de última geração e espaço suficiente para dar vazão à criatividade. Mas, nos dois primeiros períodos, só se deparou com decepção. Além da ausência recorrente de professores, ela e toda a turma foram obrigados a passar incontáveis horas vagando pelos pátios da Escola de Belas Artes por falta de espaço para as aulas.
O tempo passou e hoje, no terceiro período, a situação se tornou ainda mais grave. Nos corredores da escola, materiais adquiridos para atender a demanda do curso acumulam poeira em caixotes lacrados. O motivo seria cômico, se não fosse sério: falta espaço físico para acomodar alunos, manequins, computadores e mesas de desenho. Para abrigar a turma, a universidade cogita até transferir a tradicional biblioteca da Escola de Belas Artes para a Praça de Serviços da instituição, no campus Pampulha.
Há exemplos semelhantes em muitas graduações inéditas criadas pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), lançado pelo governo federal em 2007. Na UFMG, sobram reclamações também nos novos cursos de cinema de animação e artes digitais, arquivologia, antropologia e engenharia de sistemas.
No interior do estado, a carência de infraestrutura atinge da mesma forma alunos das universidades federais de Ouro Preto (Ufop), na Região Central de Minas; de Juiz de Fora (UFJF), na Zona da Mata; e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). No campus Mariana da Ufop, as aulas são ministradas num verdadeiro canteiro de obras e prateleiras vazias na biblioteca da instituição denunciam a falta de livros e material científico adequado para dar suporte aos novos cursos de comunicação social, serviço social, economia e administração, criados há um ano e meio no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA). Atrasos na construção de prédios e problemas na contratação de professores levaram os diretores da ICSA a pedir à reitoria a suspensão do próximo vestibular, previsto para julho. |
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